A radioterapia exclusiva, adjuvante à cirurgia, quimioterapia ou
ambas, é frequentemente utilizada como forma de tratamento e controle das
neoplasias malignas de cabeça e pescoço. Embora a radioterapia seja muito utilizada,
seus efeitos colaterais afetam particularmente a mucosa oral, desde os lábios
ao esôfago, devido aos radicais livres provenientes da radiação ionizante, que
danificam as moléculas de DNA e comprometem a replicação da célula tumoral,
assim como a divisão celular dos tecidos sadios.
Xerostomia, disgeusia, trismo, cárie por radiação, infecções
oportunistas, osteorradionecrose, hiperpigmentações em mucosa e mucosite são os
principais efeitos colaterais da radioterapia em cavidade bucal. Devido a alta
taxa de renovação celular e baixa radiorresistência, as células da mucosa da
cavidade oral, faringe e laringe são acometidas pelos efeitos tóxicos da
radiação ao qual estão expostas, predispondo o indivíduo a mucosite, que é a
complicação aguda mais importante da radioterapia em cavidade bucal. Além
disso, a mucosite oral grave pode exigir interrupção parcial ou completa da
radioterapia antes do regime planejado ser completado, aumentando o risco de
proliferação das células tumorais e dificultando o controle do câncer.
Clinicamente, a mucosite oral se caracteriza pela ulceração da
mucosa, gerando dor, desconforto, dificuldade na mastigação e deglutição de
alimentos sólidos e, às vezes líquidos, pode limitar a fala, além de expor o
paciente a infecções por microorganismos oportunistas, resultando na diminuição
da qualidade de vida do paciente irradiado. A mucosite em paciente em
tratamento radioterápico, tem curso crônico e com aproximadamente 3000 cGy,
ocorre a ulceração, geralmente recoberta por pseudomembrana, e perduram por 3 a
4 semanas após o término do tratamento. A fase ulcerativa é a fase de maior preocupação
da mucosite. As úlceras são rapidamente colonizadas por bactérias orais e
ocorrem principalmente em cavidade bucal, hipofaringe e esôfago, tornando
difícil o manejo e o acesso. Dessa forma, a fase ulcerativa da mucosite oral,
torna-se a maior limitação para o tratamento antineoplásico contínuo.
Mucosite Oral grau 4 - Nesse grau, a mucosite se encontra ulcerada, sendo a fase de maior preocupação, causam desconforto e dor, podem limitar a nutrição adequada, sendo muitas vezes, necessário a instalação de sonda naso-enteral ou alimentação parenteral, levando à interrupção do tratamento anti-neoplásico e internação hospitalar
Os tratamentos empregados para a mucosite oral induzida por
radioterapia são paliativos e diversificados e envolvem terapêuticas
profiláticas e tentativas de atenuar a sintomatologia dolorosa, diminuir os
riscos de infecção e de utilização de sondas para alimentação, reduzir o número
de internações hospitalares e diminuir os riscos de interrupção do tratamento
antineoplásico.
O tratamento para a mucosite radioinduzida é baseado em
estratégias que incluem cuidados orais básicos e medicamentos de suporte, pois
não há agente citoprotetor eficaz para prevenção e tratamento. As terapias
ainda são essencialmente paliativas e incluem abordagens como conscientização
para a melhoria na higiene oral, cuidados com os alimentos ácidos,
condimentados e picantes, evitar o uso do tabaco, uso de fatores de crescimento
EGF (fator de crescimento epidérmico), GM-CSF (fator estimulante de colônia
granulocítico macrofágico, KGF (fator de crescimento para ceratinócitos), sais
de alumínio (sucralfato e Maalox®), citocinas (interleucina-11), vitamina E,
glutamina, agentes citoprotetores e antioxidantes (Amifostina) e sintomáticas
como o uso da camomila, betametasona, benzidamida, ácido acetilsalicílico,
lidocaína, polimixina E, lozenges, tobramicina, laseres de baixa potência e
crioterapia.
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