quarta-feira, 21 de março de 2012

Anamnese e Exame Clínico



Sabemos que muitas lesões e doenças bucais podem ser bastante semelhantes clinica e histologicamente e por isso, dificultar o seu diagnóstico. Muitas vezes, o diagnóstico pode depender de uma pequena informação clínica que passa despercebido se não estivermos habituados com as doenças que acometem a boca. Lembre-se, as informações clínicas são fundamentais para se fazer um diagnóstico e o diagnóstico é fundamental para fazermos um tratamento adequado. E quando falo em diagnóstico, não é somente de cistos, tumores e doenças infecciosas, mas de qualquer diagnóstico como cárie, gengivite, periodontite, o dia a dia de um Cirurgião Dentista.

Rotineiramente, quando recebo biópsias com pouca ou nenhuma informação clínica fico tentando entender o por quê.  Já perguntei isso a colegas e a resposta mais comum é que eles acham que o exame histopatológico é definitivo, isto é, o patologista vai olhar a lâmina e saber o que é.  Grande engano! A minha atual opinião, digo atual porque pode mudar, é muito mais trágica. Acho que os dentistas não sabem fazer uma boa anamnese e um bom exame clínico. Infelizmente, parte da culpa é minha! Como sempre falo, conversar com o paciente não é fazer anamnese e fazer inspeção não é a mesma coisa que olhar. Se não sabemos porque estamos fazendo cada pergunta, isto é, se cada pergunta não tem um objetivo, não conseguimos utilizar as informações colhidas de maneira lógica e organizada. Se não sabemos o que olhar, acabamos “batendo o olho”.  Olhe a lesão acima. Como você a descreveria? Se você não sabe o que olhar, acaba descrevendo a lesão como uma bolinha na bochecha! Agora, se você sabe que é importante ver qual a localização, qual a lesão fundamental, qual a forma, tamanho, cor, como são os limites, a borda, como é a superfície, se é única ou múltipla, séssil ou pediculada, sua descrição vai ser um pouco mais detalhada. Imagine ainda se você sabe que é importante conhecer como ela apareceu, quando, se dói, se cresceu ou não, lenta ou rapidamente, qual a história da lesão, é fixa ou é móvel, se é infiltrativa, qual a consistência. Com certeza, você saberá o que perguntar, saberá o que palpar e o que ver. Para complicar só um pouco, mas falarei disso em outras oportunidades, e se lembrarmos que algumas lesões bucais são manifestações ou estão diretamente ligadas a doenças sistêmicas ou genéticas, ou se são infecciosas? Quais informações são importantes? As perguntas são sempre as mesmas? É sempre a mesma anamnese?

Na verdade, na maioria dos casos não é necessário um patologista para estabelecer um diagnóstico e sim uma boa anamnese e um bom exame clínico.


9 comentários:

  1. Adorei!!! E como o sr. escreve bem hein!!! Vou querer posts novos todos os dias!!! Achei muito interessante o que vc falou sobre a anamnese, ela definitivamente não é engessada. Porém eu acabei entendendo melhor isso e treinando depois de uma aula que eu dei na residência, sobre anamnese e exame físico. O método de anamnese ensinado na graduação é o diagrama de problema, onde os dados já estão lá e muitas vezes alguns alunos nem sabem o pq estão perguntando tal coisa. Já prontuário problema orientado é aquele q vc encontra o problema e a partir daí prioriza-se a investigação daquele problema mais a fundo. Assim treinaria o aluno a pensar mais um pouco,sabendo o que perguntar o pq de perguntar aquilo, consequentemente haveriam melhores descrições... Daí o professor Fabito passaria corrigir redações!!! rsrsrsrs.Um beijão Sdd

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  2. Obrigado Carol... Ainda está no HC? Legal ver que continua estudando! Bjo

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  3. Ahhh.... Sr. é sacanagem, heim!!!! kkkk

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  4. Parabéns pela iniciativa, Fábio. Conte com meu apoio. Abraços, Glaykon

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  6. E esse caroço da imagem, que parece um nódulo é o que ?
    Estou com um igual. Queria saber oque é e se tem a ver com alguma doença de boca. Se pode virar um câncer

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  7. E esse caroço da imagem, que parece um nódulo é o que ?
    Estou com um igual. Queria saber oque é e se tem a ver com alguma doença de boca. Se pode virar um câncer?

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