Na
prática diária, o exame histopatológico é usado principalmente como um meio
auxiliar de diagnóstico. Tem também outras utilizações, tais como para auxiliar
no estabelecimento do prognóstico ou para orientar na escolha mais apropriada
da terapia. O preenchimento adequado do pedido é essencial para a realização
eficaz de um exame histopatológico, uma vez que a identificação do paciente, os
dados clínicos e os resultados dos exames complementares contribuem todos para
a interpretação de alterações morfológicas no tecido.
Tão importante quanto a escolha do local a ser biopsiado, da técnica de biópsia, do manejo e fixação da amostra, o pedido de exame histopatológico nem sempre é feito com a atenção que merece. A interpretação histopatológica mais precisa de uma biópsia oral é muitas vezes dependente de uma variedade de fatores que podem influenciar a análise do patologista.
Em
muitos casos, as informações clínicas são fundamentais e indispensáveis para se
estabelecer um diagnóstico preciso. Um exemplo simples, as características
histopatológicas de um cisto dentígero podem ser inespecíficas e na presença de
inflamação, podem simular um cisto periapical inflamatório. Entretanto, se o
Patologista Bucal tem informações clínicas e radiográficas (ex: lesão
radiolúcida ao redor de coroa de dente impactado), o diagnóstico de cisto
dentígero pode ser feito com confiança.
Informações
completas sobre os dados demográficos do paciente são necessárias e úteis.
Algumas doenças mostram viés definidos pela idade, sexo, etnia ou exposição
ocupacional do paciente. A história da queixa principal é importante para
ajudar a correlacionar os achados microscópicos com uma doença em particular. Considerando
que muitas condições sistêmica ou relacionadas ao estilo de vida podem
apresentar lesões orais, certamente, todas as informações pertinentes sobre a história
médica e social do paciente devem ser fornecidas. Uma descrição adequada da
lesão biopsiada é frequentemente útil, incluindo parâmetros tais como a cor da
lesão, o tamanho e a textura. Qualquer alteração significativa da superfície deve
ser anotada e uma indicação sobre se o espécime representa um processo
localizado ou difuso deve ser feita. Não podemos esquecer informações a
respeito da evolução clínica, como duração da lesão, alteração no tamanho ou
taxa de crescimento e alteração na característica da lesão. Por último, devemos
incluir no pedido o diagnóstico clínico ou as hipóteses diagnósticas. O
diagnóstico clínico e a história, juntamente com o exame físico, servem como um
método de triagem para a seleção de possíveis diagnósticos histopatológicos e
podem excluir ou dar maior consistência a uma determinada hipótese de
diagnóstico.
Infelizmente,
não é incomum eu receber pedidos de exame sem informação clínica alguma, há
casos em que nem a localização da lesão é fornecida. Recebo muitas lesões
periapicais sem informações a respeito da relação da lesão com o dente, se o
dente tem ou não vitalidade pulpar ou se foi ou não tratado endodonticamente.
Quando isso acontece, nem sempre é possível dar um diagnóstico preciso. Uma vez,
recebi uma biópsia sem informações clínicas e soltei um laudo inespecífico com
uma observação de que era necessário uma correlação clínico-radiográfica para
se estabelecer o diagnóstico. O Cirurgião-Dentista me ligou bravo dizendo que
eu deveria dar um diagnóstico final, pois “dava para saber o diagnóstico pela
lâmina”. Eu queria que isso fosse verdade, tudo seria mais fácil. No final,
acabei indo ao consultório desse Dentista, conversamos e hoje, os pedidos mais
completos são dele. Portanto, meus
queridos leitores, vamos nos dedicar um pouco mais na hora de preencher o
pedido de exame histopatológico, ele faz a diferença!
Para concluir e entender a figura do post, um lembrete (ou
desabafo?): Patologista não tem bola de cristal!!!
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