quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mucosite Oral Radioinduzida


A radioterapia exclusiva, adjuvante à cirurgia, quimioterapia ou ambas, é frequentemente utilizada como forma de tratamento e controle das neoplasias malignas de cabeça e pescoço. Embora a radioterapia seja muito utilizada, seus efeitos colaterais afetam particularmente a mucosa oral, desde os lábios ao esôfago, devido aos radicais livres provenientes da radiação ionizante, que danificam as moléculas de DNA e comprometem a replicação da célula tumoral, assim como a divisão celular dos tecidos sadios.

Xerostomia, disgeusia, trismo, cárie por radiação, infecções oportunistas, osteorradionecrose, hiperpigmentações em mucosa e mucosite são os principais efeitos colaterais da radioterapia em cavidade bucal. Devido a alta taxa de renovação celular e baixa radiorresistência, as células da mucosa da cavidade oral, faringe e laringe são acometidas pelos efeitos tóxicos da radiação ao qual estão expostas, predispondo o indivíduo a mucosite, que é a complicação aguda mais importante da radioterapia em cavidade bucal. Além disso, a mucosite oral grave pode exigir interrupção parcial ou completa da radioterapia antes do regime planejado ser completado, aumentando o risco de proliferação das células tumorais e dificultando o controle do câncer.

Clinicamente, a mucosite oral se caracteriza pela ulceração da mucosa, gerando dor, desconforto, dificuldade na mastigação e deglutição de alimentos sólidos e, às vezes líquidos, pode limitar a fala, além de expor o paciente a infecções por microorganismos oportunistas, resultando na diminuição da qualidade de vida do paciente irradiado. A mucosite em paciente em tratamento radioterápico, tem curso crônico e com aproximadamente 3000 cGy, ocorre a ulceração, geralmente recoberta por pseudomembrana, e perduram por 3 a 4 semanas após o término do tratamento. A fase ulcerativa é a fase de maior preocupação da mucosite. As úlceras são rapidamente colonizadas por bactérias orais e ocorrem principalmente em cavidade bucal, hipofaringe e esôfago, tornando difícil o manejo e o acesso. Dessa forma, a fase ulcerativa da mucosite oral, torna-se a maior limitação para o tratamento antineoplásico contínuo.

Mucosite Oral grau 4 - Nesse grau, a mucosite se encontra ulcerada, sendo a fase de maior preocupação, causam desconforto e dor, podem limitar a nutrição adequada, sendo muitas vezes, necessário a instalação de sonda naso-enteral ou alimentação parenteral, levando à interrupção do tratamento anti-neoplásico e internação hospitalar
Os tratamentos empregados para a mucosite oral induzida por radioterapia são paliativos e diversificados e envolvem terapêuticas profiláticas e tentativas de atenuar a sintomatologia dolorosa, diminuir os riscos de infecção e de utilização de sondas para alimentação, reduzir o número de internações hospitalares e diminuir os riscos de interrupção do tratamento antineoplásico.

O tratamento para a mucosite radioinduzida é baseado em estratégias que incluem cuidados orais básicos e medicamentos de suporte, pois não há agente citoprotetor eficaz para prevenção e tratamento. As terapias ainda são essencialmente paliativas e incluem abordagens como conscientização para a melhoria na higiene oral, cuidados com os alimentos ácidos, condimentados e picantes, evitar o uso do tabaco, uso de fatores de crescimento EGF (fator de crescimento epidérmico), GM-CSF (fator estimulante de colônia granulocítico macrofágico, KGF (fator de crescimento para ceratinócitos), sais de alumínio (sucralfato e Maalox®), citocinas (interleucina-11), vitamina E, glutamina, agentes citoprotetores e antioxidantes (Amifostina) e sintomáticas como o uso da camomila, betametasona, benzidamida, ácido acetilsalicílico, lidocaína, polimixina E, lozenges, tobramicina, laseres de baixa potência e crioterapia.


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