quinta-feira, 26 de abril de 2012

Diabetes



A diabetes é uma doença crônica que ocorre tanto quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não pode utilizar eficazmente a insulina que produz. A insulina é um hormônio que regula o açúcar no sangue. Hiperglicemia, ou açúcar no sangue elevado, é um efeito comum da diabetes descontrolada e ao longo do tempo leva a sérios danos a vários sistemas do corpo, especialmente os nervos e vasos sanguíneos. O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se em grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes em todo o mundo.. A Organização Mundial da Saúde estima que quase 350 milhões de pessoas tem diabetes e que 5% de todas as mortes no mundo são causadas por ela.


Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso (os “4 Ps”). Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição. Algumas vezes o diagnóstico é feito a partir de complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular aterosclerótica. Um grande problema, porém, é que uma proporção significativa dos casos é assintomática. 

As complicações do diabetes se classificam em agudas, que são aquelas que se desenvolvem rapidamente, ou crônicas, que se desenvolvem lentamente, com a piora dos sintomas. Ambas são graves, porém podem ser evitadas com o controle dos níveis glicêmicos. As complicações agudas mais comuns são coma ceto-acidótico, coma hiperosmolar e a hipoglicemia. e as crônicas são lesões nos nervos (neuropatia periférica ou autônoma), lesão renal (nefropatia), lesões na retina (retinopatia), necrose de extremidades e infecções.

Vários mecanismos patológicos têm sido relacionados aos elevados níveis de glicose no sangue, incluindo a ativação da via do sorbitol, a formação dos produtos finais da glicação avançada, o efeito prejudicial do estresse oxidativo e a alteração do metabolismo lipídico. Estes mecanismos têm sido associados às complicações clínicas clássicas da diabetes mellitus, tais como retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença macrovascular e pobre cicatrização de feridas. Em 1993, Löe propôs que a doença periodontal fosse a sexta complicação da diabetes mellitus. Em um artigo de 2008, Taylor e Borgnakke identificaram a  doença periodontal como um possível fator de risco para o controle metabólico em pessoas com diabetes mellitus. Esta relação bidirecional entre doença periodontal e diabetes mellitus (a diabetes complica a doença periodontal e vice-versa) faz da diabetes um distúrbio de importância para dentistas e pacientes. 

Além da gengivite e periodontite, outras manifestações bucais também tem sido relatadas em pacientes com diabetes, como cárie, xerostomia, infecções (principalmente candidíase), alterações no paladar e outras alterações neurossensoriais como disfagia e síndrome da ardência bucal.

O atendimento de pacientes com diabetes no consultório odontológico geralmente não representa um desafio significativo. A hipoglicemia é o grande problema que normalmente confronta o cirurgião dentista. Embora os pacientes com diabetes geralmente reconhecem a hipoglicemia e tomam medidas antes de ficar inconsciente, às vezes eles não conseguem. Por esse motivo, o cirurgião dentista deve ser treinado para reconhecer e tratar os pacientes que têm hipoglicemia durante uma consulta. Quando pacientes que tem diabetes exibem comportamento incomum, um glicosímetro deve ser usado para testar os níveis de glicose no sangue.

Sinais e sintomas da hipoglicemia:
  • Tontura
  • Fome
  • Sudorese fria
  • Palidez cutânea
  • Tremores
  • Fraqueza
  • Dores de cabeça
  • Irritabilidade
  • Ansiedade
  • Taquicardia
  • Em casos mais graves, pode ocorrer:
    • Dificuldade de concentração e confusão mental
    • Desmaio
    • Convulsão
    • Coma

Tratamento da hipoglicemia

A maneira mais rápida de aumentar a glicose no sangue e tratar a hipoglicemia é com alguma forma de açúcar ou carboidrato simples, como sucos adoçados, balas, doces e bolachas. A quantidade de carboidrato recomendada é de pelo menos 15 a 20 g. É importante que o alimento escolhido não tenha muita gordura, como biscoitos ou chocolate, pois estes demoram mais para aumentar os níveis de glicose no sangue.

A lista abaixo contém alguns alimentos com 15 gramas de carboidratos:
  • ½ xícara de suco adoçado ou refrigerante normal
  • 2 colheres de sopa de uvas passas
  • 4 ou 5 bolachas água e sal
  • 4 colheres de chá de açúcar
  • 1 colher de sopa de mel

Os pacientes devem perguntar ao médico ou nutricionista quais alimentos que eles recomendam para tratar a hipoglicemia, e devem carregar sempre pelo menos um tipo de açúcar consigo.

Depois de ingerir o alimento, o paciente deve esperar de 15 a 20 minutos e verificar a glicemia novamente. Se esta ainda estiver baixa e os sintomas de hipoglicemia persistirem, o tratamento deve ser repetido. Depois que os sintomas tiverem desaparecido, o paciente deve fazer as suas refeições regulares e lanches conforme o planejado, para manter a glicemia dentro da normalidade.

Se uma hipoglicemia não for reconhecida e tratada, as taxas de glicose continuam caindo e o paciente pode desmaiar. Se isso acontecer, a pessoa deve ser tratada com uma injeção de glucagon (GlucaGen®Hypokit) ou levada imediatamente ao serviço de emergência para receber glicose por via intravenosa.

O glucagon atua de forma oposta à insulina, aumentando a glicose no sangue, e pode ser prescrito para pacientes com risco de hipoglicemia. É interessante que as pessoas que convivem com o paciente (familiares, colegas de trabalho) saibam como e quando injetar glucagon. Após a injeção de glucagon, o paciente vai apresentar elevação da glicemia e deve recuperar a consciência. Neste momento, deve se alimentar para evitar novas quedas da glicose sanguínea.

Se glucagon não está disponível, o paciente deve ser levado para o pronto-socorro mais próximo ou o serviço de emergência deve ser contactado.

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