Sugestão de leitura: Todo paciente tem uma história para contar de Lisa Sanders. Selecionei alguns trechos que gostei bastante e com certeza vale a pena ler aqui.
“Quando bem montada, a versão médica da história do
paciente frequentemente traz a chave para identificarmos as feições
características de uma doença, levando-nos ao diagnóstico. Boa parte da
educação que os médicos recebem durante os vários anos da faculdade de
medicina, e depois nos anos de especialização, consiste em adquirir a
habilidade de identificar e moldar os aspectos da vida, sintomas e exames
complementares do paciente, de modo a criar uma versão da história clínica que
possibilite o diagnóstico. De fato, a capacidade de criar essa versão
simplificada e impessoal da história do paciente é a habilidade essencial no
diagnóstico.”
“Em grande parte dos casos, conversar com o paciente
é o que nos dá as pistas essenciais para fecharmos um diagnóstico. Além disso,
o que aprendemos com essa entrevista simples com frequência tem um papel
importante na saúde do paciente mesmo depois de fechado o diagnóstico.”
No entanto, a terapia eficaz depende de um diagnóstico
preciso. Temos hoje à nossa disposição uma grande variedade de ferramentas -
novas e velhas - que nos permitem fazer diagnósticos oportunos e precisos. E, à
medida que o tratamento vai se tornando mais padronizado, as decisões mais
complexas e importantes passam a ocorrer no plano do diagnóstico.”
“A chance de estarmos errados é gigantesca quando
lidamos com algo mais complicado que uma garganta inflamada. Os médicos - muito
mais que seus pacientes - reconhecem que algum grau de erro é inevitável. Desde
o primeiro momento em que um médico vê um paciente, ele começa a formular uma
lista de causas possíveis para aqueles sintomas - o que chamamos diagnóstico
diferencial. À medida que conhecemos melhor a história clínica da pessoa, essa
lista é modificada - algumas doenças são riscadas, substituídas por outras que
se encaixam melhor na história do paciente, no exame físico ou, às vezes, em
resultados de exames. Ao final do encontro, o médico terá um rol de suspeitos
prováveis.
Se o médico lidar corretamente com o problema, existe
uma boa possibilidade de que um desses diagnósticos esteja certo. Os demais,
por definição, estarão errados. Estamos regularmente errados na tentativa de
acertar. É importante termos uma lista de possibilidades, porque a medicina é
complicada, e as doenças e os corpos diferem. Frequentemente temos um
diagnóstico que consideramos mais provável, mas também somos ensinados a ter um
plano B, porque nossos pacientes nem sempre têm a doença mais provável. A
pergunta que nos ensinam a fazer é: se não for isso, o que mais poderia ser?”
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